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quinta-feira, 28 de outubro de 2010

                              As crônicas da vida e da morte
Uma coisa que eu nunca me imaginei pensando, ou simplesmente me recusava a pensar, aconteceu.
Estava eu ali no leito de morte de minha amada. Em nossa casa, em nosso quarto, em nossa cama onde passamos tantos momentos mágicos.
Eu me recusava a olhar para ela, não queria acreditar que aquilo estava acontecendo comigo. Cheguei a me questionar se Deus era realmente justo, ao olhar para ela a resposta era obvia: não, isso não era justo, pelo menos não comigo.
A aparência dela era tranqüila, como se estivesse pensando em coisas muito boas.  Ela me deu um sorriso discreto ao trocarmos olhares, quando de repente ela falou :
­- pegue aquela caixinha ali no canto .
Ele pegou desajeitado, então ela disse :
- guarde isso até o último ... 
E então ela se foi .
Havia na pequena caixinha um relógio de bolso, ele ficou sem entender nada.
Então todas as vezes eu passava a odiar mais e mais aquele relógio  lembrando de tudo que havia acontecido .
- Quando em um dia de fúria eu resolvi que quebrar aquele relógio.
No mesmo momento eu parei e pensei no que ela havia tentado falar,  completei aquela frase que ela não havia conseguido terminar de falar e que logo em seguida partiu :
“ Guarde isso até o ultimo dia de sua vida”
E então ele percebeu que aquele odiado relógio de bolso na verdade me aproximava mais e mais dela. A cada segundo, a cada minuto que se passava eu estava mais próximo de minha amada.

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